= AS MINHAS LEITURAS =
in revista EXAME n.o300 de Abril de 2009; editora IMPRESA Publishing, Lisboa.
“Os enfartes do sistema” texto de Sónia M. Lourenço; pp. 206-08.
20 anos de crises financeiras
1989–1990 Crise japonesa (crise bancária). As bolhas accionista e imobiliária rebentaram e deixaram os bancos com uma enorme carteira de activos tóxicos e as empresas com enorme endividamento.
1992-93 Crise do Sistema Monetário Europeu (crise cambial). Várias divisas europeias como a libra, a lira e a peseta sofreram fortes ataques especulativos, forçando maior flexibilidade cambial.
1994-95 México. Crise do peso (crise cambial). A política de sustentação artificial da taxa de câmbio face ao dólar norte-americano terminou em desvalorizações abruptas do peso.
1997-98 Crise asiática (crise bancária e bolsista). Depois do leste asiático, a instabilidade espalhou-se para a América Latina, a Rússia e, por fim, Nova Iorque com a queda do fundo de investimento Long-Term Capital Management.
2000-01 Derrocada do índice Nasdaq e colapso das empresas de tecnologias da informação e da comunicação (crise bolsista).
2001-02 Argentina (crise de dívida). O endividamento muito elevado leva à incapacidade de cumprir compromissos financeiros. O FMI começa por apoiar o país, renegociando a dívida. Quando, por fim, retira esse apoio, dá-se uma profunda crise financeira, económica, política e social.
2007-08 Crise do subprime nos Estados Unidos (crise bancária). A partir deste segmento de alto risco do mercado de crédito hipotecário, evoluiu para uma profunda crise financeira, incluindo bolsista e da economia real, à escala global.
Bailouts – empréstimos ou injecções de capital a países ou investidores para os salvar da falência, da insolvência ou da necessidade de liquidação total dos seus activos.
Contudo, esta linha de actuação tem distorcido o funcionamento dos mercados financeiros, já que permite aos credores sair dos problemas com um mínimo de perdas. Para Barry Eichengreen “há um problema de risco moral. Os bailouts encorajam os investidores a concederem crédito sem o devido acautelar dos riscos e têm permitido aos governos manterem por mais tempo políticas insustentáveis. Desta forma, as vulnerabilidades económicas e financeiras acumulam-se até causarem graves perturbações políticas e sociais. Foi o que aconteceu, por exemplo, na crise da dívida da Argentina.
Os bailouts são injustos. Como é permitido aos investidores sair do país e dos activos com problemas e o Fundo Monetário Internacional acaba de receber de volta o dinheiro dos pacotes de auxílio, são os residentes da nação em crise que acabam por pagar a conta, isto é, é como resultado dos seus sacrifícios que os investidores acabam por conseguir tirar muito do seu dinheiro do país em crise.
Há consenso de que a resposta tem de ser diferente, mas, com demasiada frequência, a comunidade internacional, ao ver-se perante outra crise, considera não ter alternativa a manter este tipo de gestão da situação, isto é, a efectuar bailouts aos investidores e aos países em dificuldades. Foi o que voltou a acontecer nesta crise com os governos a apoiarem de forma maciça as instituições financeiras.
Os planos para reformas financeiras não são tão antigos como os mercados e ganham fôlego na sequência de perturbações graves. Foi o que aconteceu depois da crise asiática de 1997-98 e é o que se está a passar hoje. As crises sempre existiram e sempre existirão.” - afirma-nos.
Para George Cooper “precisamos de melhores políticas macroeconómicas para não nos voltarmos a meter nesta confusão financeira, mas isso vai exigir escolhas difíceis.”❐
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