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13 de Dezembro de 2002
Hoje o pensamento vem de mim e trata-se do português:
O presente ou a prenda ®
O presente tem a sua origem na apresentação de diplomatas ou de convidados na corte. Era regra na apresentação à corte, após ouvir o seu nome, este convidado dizer Presente e entregar o pacote ao chefe do protocolo.
Na minha opinião, este presente é de obrigação e de ostentação e sem amor.
A palavra prenda, acho que tem a sua origem no verbo prender. Então a prenda tinha e tem por objectivo prender pelo coração, pelo amizade, pela demonstração de afecto que aquele pacote tem intenção de transmitir ao seu receptor. Não tenho a menor dúvida, para mim o pacote é de toda a certeza e sempre prenda e não presente, pois quando não é prenda pura, simplesmente não existe. Não ofereço nada por obrigação, mas por gosto.
Nesta época natalícia causa-me impressão ouvir, até diplomados dizerem:
filhoses quando o singular é uma filhó.
Que haja uma vez e várias vezes,
Uma voz e muitas vozes,
Uma rês e bastantes reses
Uma gravidez e duas gravidezes,
mas que haja sempre um nó e alguns nós,
um paletó e vários paletós,
uma avó e duas avós,
uma filhó e muitas filhós.❐
16 de Maio de 2005
Se há línguas em que há uma só palavra para conceber – o respectivo nome deste verbo, na língua portuguesa tem duas palavras, facto que só enriquece a nossa língua. Então é pena que usemos, principalmente os letrados, as palavras incorrectamente ou só uma das palavras com os dois sentidos. Assim temos:
Concepção – a concepção do mundo na Criação; a concepção de uma obra de arquitectura; a concepção de um quadro; ......
Conceição – a conceição de um bebé; a Imaculada Conceição de Maria.
29 de Agosto de 2005
Tenho andado a pensar em Taizé.
Ouvi um jornalista comentar há algum tempo que esta palavra Taizé já faz, de tal maneira, parte do nosso vocabulário que já muita gente anda a dizer «Taizé» à portuguesa.
Então eu comecei a pensar nas várias palavras estrangeiras que temos acrescentado ao nosso falar por duas vias:
1)via erudita – matiné; soiré; abatjour; soutien; …
por quê via erudita?
porque as classes superiores portuguesas, falantes de francês, difundiram estas palavras no nosso vocabulário. Elas sabiam ler e escrever o francês. Quando estes significados passaram a fazer parte do vocabulário popular já estavam de tal maneira implantados na sociedade, significantes e significados que ninguém teve a menor dificuldade em adoptá-los.
2)via popular:
a) Londres (de London);
b) Paris (de Paris, mas lido à portuguesa) e neste caso Taizé lido à portuguesa. O que é que está aqui em questão?
Na altura que Londres e Paris entraram no nosso vocabulário, pouco interessava que as palavras não fossem pronunciadas correctamente pelos emigrantes portugueses, mas certamente que este facto ajudou muito a que os portugueses fossem considerados pelos naturais dos países de acolhimento como ignorantes e idiotas, afinal nem conseguiam dizer estas palavras correctamente.
Hoje a população portuguesa desloca-se bastante aos outros países e a Taizé, principalmente os jovens e estes com o 12º ano de escolaridade, em geral, e andar por aquelas terras a dizer Taizé à portuguesa certamente que ninguém lhes conseguirá indicar o caminho.
Por outro lado, em tempos aprendi de entendidos na matéria que palavras de uma língua que não têm significante no outro país, escrevem-se exactamente como são ditas na língua de origem.
Assim, como estamos no princípio, vale a pena pensar sobre o assunto.
Temos duas hipóteses que não nos envergonham:
1ª - escrever Taizé e dizer Têzê. É a ideal. Afinal, podemos não ser muito inteligentes, mas penso que este esforço ainda é possível para a grande maioria dos portugueses.
2ª - escrever Têzê e dizer Têzê. Com esta hipótese é possível aos portugueses que lá se quiserem deslocar, ter quem os entenda e lhes indique o caminho com gestos, mesmo que os portugueses não saibam falar francês.❐
mailto:www.eu.maria.figueiras@gmail.com
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