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Venho partilhar convosco o meu segundo trabalho pronto a ser publicado “As minhas Crónicas (2002-2007)”. Trata-se de uma colectânea de crónicas que escrevi sobre o meu quotidiano, o nosso quotidiano de portugueses a viverem em Portugal, na Europa. Acho que muito de vós se identificarão nestas crónicas como se elas tivessem sido escritas por vós.
Apresentação
“As minhas crónicas” surgem de um hábito de adolescência de extrair dos livros que lia o que eu achava mais importante para recordar mais tarde ou algum comentário que me ocorresse na altura que o livro ia sendo lido. Tinha sempre um caderno comigo para estas anotações.
Pouco depois comecei a escrever o meu “Diário” que não escrevia diariamente, mas quando tinha algo que gostaria de registar.
Nos inícios deste milénio, por vários factores, comecei a registar as minhas impressões e opiniões sobre o quotidiano e assim foram surgindo estas minhas crónicas.
Agora divulgo-as porque elas são do meu e do vosso quotidiano e assim vamos recordando e criando memória juntos.
Apresento-as em flashback porque me parece a apresentação cronológica mais adequada a esta situação.
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24 de Dezembro de 2007
Tradições ...
Tenho ouvido falar da tradição portuguesa ... da árvore de Natal e das prendas debaixo da árvore e de abrir as prendas à meia-noite e isso é tudo mentira; é tudo importado e tem pouco mais de vinte anos. Querem fazer disto tradição (alguns), mas isso actualmente só serve para venderem nas escolas às crianças portuguesas que ainda não têm memória. Eu, que já passei dos cinquenta e tenho memória (com a graça de Deus) sei que a tradição portuguesa é bem diferente. Sei-o porque na escola, após as férias do Natal, se falava e se escrevia sobre como se tinha passado e o que se tinha feito e era tudo pouco mais ou menos assim:
Nas duas semanas próximas do Natal, procurava-se o musgo para montar o presépio. Era preciso pouco na nossa casa e era um trabalho meu e dos meus dois irmãos. Lá íamos os três (eu com uma caixa de papelão e plástico se fosse necessário sobrepor, para que o musgo não se partisse ou ficasse sujo). Os meus irmãos já sabiam onde havia musgo bonito, perto. Depois, em casa, eu montava o presépio. Cobria o centro do tampo do aparador da casa de jantar com um outro plástico que guardava, amarrotava papéis para fingir montes. Cobria tudo com o musgo adequado a cada lugar e punha primeiro a gruta e depois todas as figurinhas principais do presépio, das baratas, que os meus pais já tinham comprado e que iam passando de ano para ano, substituindo alguma que se ia fragmentando: a vaquinha, o burrinho, a Nossa Senhora, o S. José, os pastores e as ovelhas e os reis magos. Ficava logo todo montado. Desde a noite de 24 para 25 de Dezembro até ao próprio dia de Reis (06 de Janeiro) acendia a lamparina num copo com água e azeite todas as noites.
Depois eram as prendas de Natal.
Na noite de Natal, todos sentados, ouvíamos a Mensagem de Natal do Cardeal Cerejeira e após a minha mãe dizia: - Está na hora de todos irem para a cama. Hoje o Menino Jesus tem muito trabalho e nunca se sabe quando será a vez da nossa casa. Se estivermos levantados a fazer barulho o Menino Jesus assusta-se e já não entrega prendas.
Nós perguntávamos: - Mãe, o Menino Jesus tem mesmo prendas para nós?
Ela respondia: - Tem, sim! Agora não se esqueçam de pôr o sapatinho à chaminé. Já sabem, o mais bonito que tiverem.
O meu pai dizia: - Eu ponho dois. Assim ganho mais.
Não digas isso às crianças. Um ou dois sapatos, é igual. - dizia a minha mãe.
Quantos sapatos pomos, mãe?
Um sapato cada um. A mãe e o pai também põem.
Por baixo da chaminé da nossa casa havia um armário sem prateleiras, sendo o seu tampo uma pedra de mármore que tinha por cima um fogão a gás com forno que estava sempre à direita e o espaço à esquerda servia de apoio, mas na noite de Natal servia para pormos um sapato de cada um de nós, muito limpo e bonito e, de seguida, íamos deitar-nos. Não fazíamos barulho nenhum para não perturbarmos o Menino Jesus que já tinha mais de 1950 anos, mas era solteiro e as pessoas solteiras eram tratadas por meninas.
Eu aguardava pacientemente que o novo dia clareasse e perguntava à minha mãe:
Mãe, já posso ir buscar os sapatos com as prendas?
Podes, traz logo os dos pais e do mano.
Eu assim fazia. Ia buscar os sapatos e as prendas e distribuía. Todos ficávamos nas nossas camas a abrir as prendas. Depois íamos com as nossas prendas mostrar e ver as prendas dos outros. Era assim uma grande alegria!
Nesse dia tínhamos os nossos avós maternos a almoçar e jantar connosco. Era o dia de Natal, um dia muito especial para todos nós. De manhã, ouvíamos a missa na rádio e eu ajudava a minha mãe a preparar a casa. Os avós chegariam por volta das 10h – 11h.
Conversávamos muito. Ouvíamos rádio que tinha uma camilha só para ele. Tudo com muita amizade, alegria e boa disposição.
Dos meus avós paternos nunca tive uma prenda, um convite para entrar pelo portão da casa deles, um beijinho, ... deles sempre havia muita inveja, maldade, más palavras.
Quando cada um dos meus irmãos começava a andar, normalmente, assumia a distribuição das prendas e dos sapatos.
O Helder já era mais ansioso do que eu. Ainda estava escuro e já ele perguntava:
Mãe, posso ir buscar as prendas?
Já? Mas não vês que ainda está tudo escuro; ainda é noite e o Menino Jesus ainda anda a distribuir as prendas. Dorme, homem!
E eu dizia: - Vê lá, se por causa de ti não temos prendas.
A minha mãe desatava a rir e dizia: - Durmam, durmam. Ainda demora.
Hoje acho que ele só queria adiantar-se a mim para ser ele a ir buscar as prendas e a distribuí-las. Só podíamos ir buscar as prendas quando, através das frestas víssemos a luz do novo dia – Dia de Natal.
Parece-me que a Árvore de Natal em Portugal só surge depois do 25 de Abril ou muito próximo. Então, nós começámos a armar também a Árvore de Natal, cujo pinheiro o meu pai escolhia sempre dos pinheiros que estavam à venda no Mercado que é conhecido por da Reforma Agrária por serem os próprios agricultores que lá vendem, perto da Rodoviária Nacional.
Então deixámos de pôr os sapatos à chaminé, mas sim debaixo da Árvore de Natal. Mas todo o ritual das manhãzinhas do Dia de Natal e véspera continuam.
Ainda hoje fazemos assim!❐
19 de Outubro de 2007
Sorrir e rir
Eu cedo aprendi que uma rapariga não ri, socialmente, mas sorri. Então, nos anos sessenta e setenta, fui desenvolvendo a técnica do sorrir e não do rir, mesmo quando se escutavam anedotas. Eu escutava-as e ria para dentro e, por fora, sorria e isto era já tão natural em mim que eu não conseguia soltar uma gargalhada.
Quando os brasileiros começaram a vir morar para Portugal, há dez, vinte anos vieram especialistas do riso que iam às empresas para, durante algum tempo, pôr os trabalhadores a rir – terapia do riso. Pela mesma altura, uma mulher disse na televisão que, muitas vezes, se ria de rir porque gostava de rir e assim ria por tudo e por nada e era uma óptima terapia para nos sentirmos bem. É uma verdade muito verdadeira!
Então, eu decidi: - Quero lá saber se é bem ou não é bem, rir. Eu quero rir.
No princípio, foi difícil porque a gargalhada não saía, só o sorriso, mas eu tentava de seguida a gargalhada, mesmo que já a despropósito. Actualmente, consigo gargalhar e isso faz-me tão feliz e dá-me uma sensação tão boa de bem-estar! E actualmente é feio sorrir; não se é verdadeiro; é sinal de hipocrisia.
Assim é a vida!
Uma das primeiras coisas que aprendi foi não me preocupar com o “diz que disse” dos outros. ❐
08 de Abril de 2007 – Domingo de Páscoa
Ontem de manhã, deu, em repetição, o concerto popular, em Bruxelas, da comemoração dos cinquenta anos do Tratado de Roma, na RTP2. Não me satisfez!
Enquanto ia assistindo, ia percepcionando várias questões que me perturbaram um pouco:
1º – A qualidade do que foi apresentado, em geral, na minha opinião, deixou muito a desejar.
2º – Em consequência disso, achei muito preconceito e pretensiosismo, relativamente a quem estabeleceu as regras e/ou organizou o espectáculo em relação ao povo, ao conceito de espectáculo popular, aos gostos do povo.
3º – Na minha opinião, se os representantes do povo, que são os quadros executivos e/ou directivos da União Europeia, se acham a si próprios tão distanciados e imaginando os gostos do povo tão depreciativamente; há algo de errado e muito na alta esfera da UE.
4º – A UE tem grupos e cantores de música popular muito melhores do que a maioria que apareceu.
5º – O contraste, em qualidade, foi muito grande entre o espectáculo comemorativo dos 50 anos para os quadros e o espectáculo popular e a razão só pode ter sido preconceito e distanciamento.
6º – Relativamente à representação de Portugal foi zero; pura e simplesmente não existiu; enquanto outros bisaram e repetiram várias vezes e sem qualidade nenhuma. Tive a percepção de um ignorar, de propósito, a existência de Portugal, país e nacionalidade, independente, fazendo parte da União Europeia. Afinal, está tão próximo e certamente haveria quem se dispusesse, entre os portugueses, a participar nestas comemorações.❐
28 de Março de 2007
Há quem diga que o conde de Lippe era um militar inglês a quem o marquês de Pombal atribuiu o cargo de comandante-em-chefe do exército português. Então numa passagem por Lagos, tornou-se grande apreciador das conquilhas que lhe eram trazidas diariamente pelos seus soldados que as acabaram por baptizar com o seu nome.
A mim, isto parece-me uma estória forjada por algum letrado, para que pareça bonita e elegante, como era costume na época.
Mas podemos pensar, raciocinar e discernir:
1º – “Lippe” só se lê lipa na língua germânica. Lip lê-se em inglês, francês, português;
2º – a outra designação que temos para condelipas é conquilhas, que é como se diz em francês;
3º – os franceses eram grandes apreciadores de bivalves, principalmente por causa das suas colónias ou porque tenham vivido nelas como é o caso dos militares por conta de França nos séculos XVIII-XIX. Não se pode dizer o mesmo dos ingleses;
4º – Se as condelipas fossem conhecidas dos algarvios antes, teriam nome português como é normal;
5º – Lagos, na altura do marquês de Pombal, não tinha grande importância militar; por isso a defesa da cidade era insignificante e era frequentemente ocupada;
6º – Lagos e o Algarve foram ocupados pelas tropas de Napoleão como território de fronteira, como continuação da sua ocupação em Espanha, para defender a costa sul de Portugal e Espanha dos aliados ingleses;
7º – os exércitos de Napoleão tinham muitos militares de outras nacionalidades, adeptos fervorosos da revolução francesa;
8º - se o militar fosse inglês diria “Count of Lippe” que os algarvios nunca perceberiam como condelipa; mas se fosse francês, embora de ascendência germânica e dito por franceses seria “Comte de Lippe”, que os algarvios perceberiam como condelipa;
9º – os militares só comem comida feita por pessoas da sua confiança que os acompanhavam e também nunca pediriam pratos regionais;
10º – o facto de os algarvios perpetuarem na memória algo relacionado com os militares franceses, não deve ter sido de bom tom para o período pós-invasões francesas. Assim, mistificou-se ... ❐
26 de Março de 2007
suriname ≠ maremoto (os técnicos o afirmam.)
suriname – nome asiático – volume de água cada vez maior;
maremoto – mare molto – ondas alterosas e de grande altura com grande volume de água.
23 de Março de 2007
Ouvi nas Notícias da rádio que há empresários portugueses a pressionarem o governo português para mudar a hora para a que existe em Espanha e nos países do centro da Europa e, mais uma vez, fico estupefacta. Realmente não param de me espantar!
Durante o governo do Prof. Cavaco Silva, isto foi tentado e sabemos todos os problemas que trouxe e se alguém tem problemas de memória que já se esqueceu de algo tão recente, basta consultar os meios de comunicação nacionais e regionais da imprensa, da rádio e da televisão da época.
Este é um problema tão simples que não acredito que estes empresários, se realmente estiverem de boa vontade, não sejam capazes de resolver. É tão só cada uma destas empresas que se sente prejudicada e são uma minoria muito pequena em relação a toda a população de Portugal; é só cada uma destas empresas adoptar o horário da Espanha e resto da Europa. Que eu saiba não existe um horário de trabalho fixo pelo Estado e obrigatório para todas as empresas. No comércio, sei que não e até, se houver estabelecimentos comerciais que queiram fazer o seu horário de trabalho para fim de tarde e toda a noite, pois façam favor. Há empresas que funcionam vinte e quatro horas por dia por turnos, pois façam favor. Agora como horário nacional, por favor!
Mas como nada é por acaso, parece-me que “deve haver água a passar debaixo da ponte”. Talvez
1.uma tentativa de, nos tempos mais próximos, aumentarem ainda mais os problemas do governo, aumentando a contestação das populações;
uma tentativa de mostrar à UE a anexação e o domínio da Espanha sobre Portugal;
....... ❐
03 de Março de 2007
A palavra realizar é uma palavra de origem latina e que faz parte do nosso vocabulário há mais de dois mil anos e está disseminada entre a população portuguesa com o mesmo sentido que tem em latim – concretizar, fazer. É assim que os portugueses a conhecem há mais dois mil anos e não com o sentido de perceber; isso só na cultura anglo-saxónica.
Agora, outra coisa é alguns pretenderem fazer do português uma língua e uma cultura anglicizada e não latina e figuras públicas pretenderem disseminar esses sentidos em algumas palavras que utilizam na televisão e na rádio para, assim, implantarem, despercebidamente, uma outra cultura, anulando a cultura latina por causa do catolicismo. Como, por exemplo, andarem a comer vogais átonas e juntarem consoantes, fecharem o som de vogais que sempre se disseram abertas. Como, por exemplo, nas escolas se festejar o dia das bruxas e não o dia de Todos-os-Santos. Andarem a vender gato por lebre, aproveitando a ignorância e insegurança das pessoas, das crianças, ... isso é outra coisa.
Toda a gente, há muito tempo, que já percebeu a tentativa de uniformizar e globalizar a cultura anglo-saxónica.
Outra coisa é o aportuguesamento das palavras inglesas relacionadas com a linguagem informática. Os portugueses começaram a usar estes equipamentos muito antes de haver qualquer tradução. É uma situação nova. É assim que as línguas enriquecem o seu vocabulário. Os portugueses não dominavam o inglês, mas desenrascaram-se; aportuguesaram a pronúncia e o significado e assim se iam entendendo uns aos outros. Agora já está tudo traduzido; quem quiser, passa a usar, gradualmente, as palavras correspondentes em português; quem quiser permanecer com as outras inglesas, permanece. É um processo que tem acontecido ao longo da história da humanidade e a continuará a acompanhar. Sempre que surge algo de novo noutros países, importamos não só a coisa, mas o vocabulário inerente: rádio, soutien, abat-jour, avião, media (palavra latina), ... ❐
12 de Janeiro de 2007
Nesta parte do ano os escolhidos muito têm manifestado as suas preocupações com as questões energéticas e têm-se posicionado para adoptar cada vez mais o nuclear em detrimento das energias renováveis certamente porque as suas contas engordam à custa do nuclear, muito mais do que à custa das energias renováveis; mas estamos na era da Verdade, da Ética e então as suas razões são de uma imaginação ou muito pobre ou muito convencida.
Então ouve-se dizer que o aquecimento global por que estamos a passar tem a ver com o metano que todos os animais, incluindo o homem, mandam para a atmosfera à custa das fibras que digerimos; tem a ver com o gás que circula nos nossos frigoríficos; ...
Mas o que isto representa em comparação com o que as fábricas e complexos fabris despejam na atmosfera; com o que os camiões de longo curso de transporte de mercadorias despejam para a atmosfera e tantos e tantos automóveis; com o que os foguetões mandam para a atmosfera; com os efeitos dos resíduos nucleares que são depositados no fundo do mar e no interior da Terra; ...
Será que não há ninguém suficientemente isento para estudar in loco o que se está a passar nestes aterros de resíduos nucleares?
E se todo este aquecimento que estamos a sofrer e o buraco do ozono vierem, principalmente, exactamente como consequência dos aterros dos resíduos nucleares?
Hoje, ouvi na rádio que, segundo as previsões da cultura maia, o planeta atingirá um grau tão elevado de temperatura que não há tipo de vida que lhe resista para além da energia e outras coisas que são o abc dos físicos e dos químicos. E lembrei-me de, na minha adolescência e juventude, ser muito interessada em ficção científica e ter visto todos os filmes desta temática e lido todos os livros que estiveram ao meu alcance sobre a mesma. Lembro-me de ter lido sobre a Atlântida e os atlantes e de tudo ter sido varrido deste planeta como consequência do nuclear que eles utilizavam, certamente na sua ganância, pois o egoísmo tem-se sobreposto à bem comum. Se nestes tempos conseguíssemos que o bem comum se sobrepusesse ao egoísmo seria uma novidade e uma inovação! E não sei de que lhes vai valer esse egoísmo se o exemplo da Atlântida se repetir?
Talvez seja por isso que já há gente a vender terreno na Lua. Talvez Marte fosse mais adequado para eles. Mas como é que alguém se põe a receber dinheiro de terrenos da Lua? Como é que há alguém disposto a comprar terrenos na Lua? Como é possível uma tal falcatrua, aldrabice? Afinal estas negociatas são feitas cá na Terra entre cidadãos muito ... deste planeta. Claro que eles já estão a pensar que, se isto der para o torto, pelo menos eles já têm onde ficar, mas não que comer e beber por muito tempo, ...
29 de Outubro de 2006
Aproxima-se o dia 01 de Novembro. Temos a graça de ser feriado e ser o dia dedicado a Todos-os-Santos.
Pela minha ocupação tenho-me apercebido de que já há vários anos nas escolas, pelo menos públicas, a maior parte deste primeiro trimestre é dedicado a preparar os alunos para celebrarem este dia, não como Dia de Todos-os-Santos, mas como Dia das Bruxas. Todos os anos, eu pasmo; desta vez decidi passar para o papel esta angústia; pois é de angústia que se trata. Então, os professores, funcionários públicos, pagos por todo o povo português, num país cristão, recusam-se a falar dos Santos e das celebrações deste dia que oficialmente é feriado e dedicado a Todos-os-Santos, para falarem das Bruxas e dos seus afins, de magia negra e prepararem os seus alunos com artefactos para celebrarem assim este dia; de algo que faz parte da cultura anglo-saxónica e não da nossa. Todos os pais têm de saber disto; é impossível que tanto afazer não chegue ao conhecimento dos pais e eles “engolem e calam”; pois é algo, com certeza essencial na educação dos seus filhos(?). E todos andam a pagar impostos para isto!
Portugal, por onde andas? Para onde queres ir? Não te reconheço!♥
01 de Outubro de 2006 – domingo
Hoje, estava a ver um documentário Filmar documentários no mundo selvagem e reparei que os animais tinham uma atitude agressiva e até atacavam, principalmente o microfone com a sua cobertura preta.
Então, eu pensei: - Seria interessante saber como eles reagem à cor branca, às cores claras, aos vários tons da luz ... porque tudo isto é inato neles e, se é inato neles é inato em nós. Tudo tem a ver com a noite e o dia; talvez tenha a ver com o seu/nosso relógio biológico, a aura, a alma, ... acho que nos ficaríamos a conhecer melhor.
Agora, atenção às conclusões a que se chegam. Nos meus tempos de universidade, circulava uma anedota em Portugal que contava pouco mais ou menos assim: - Num laboratório, um investigador tentava compreender as funções das patas traseiras da rã. Assim carregou nas costas da rã com as duas patas e ela saltou. Então ele escreve no seu relatório: «Uma rã, com tanto de comprimento e tanto de largura, com o peso tal, da cor tal, do pântano tal e do lugar tal, quando provocada, deu um salto de tantos centímetros.
Depois, retirou-se a perna esquerda à mesma rã e, pressionando-a ela saltou tantos centímetros, menos tantos centímetros do que o inicial.
De seguida cortou-se a perna direita à rã e, pressionando-a, ela não fez qualquer movimento.
Conclusão: estas rãs, sem as pernas traseiras, recusam-se a saltar.»
Por exemplo, num programa sobre os doentes de Alzheimer, afirmou-se que talvez esta doença esteja relacionada com pessoas perfeccionistas. Posso estar enganada, mas, a mim, parece-me que talvez seja pelo autocontrolo que exercem sobre si próprias e não por serem perfeccionistas.
Qual a diferença? Quem é perfeccionista, mas não obcecado, está no caminho certo. Aquele que toma as rédeas da sua vida como se fosse seu dono e senhor e pensa que faz da sua vida o que quiser através do autodomínio e autocontrolo numa completa obcecação; em princípio chega a esta doença quando chegar a altura de colher o que semeou porque fica por sua conta e risco; afinal foi isso que sempre quis e procurou e assim, de degrau em degrau, vai chegando à conclusão da sua própria insignificância.
Perfeição e autocontrolo são conceitos mesmo antagónicos!
Chega-se a um ou a outro dependendo da perspectiva que se toma!.. ❐
27 de Setembro de 2006
Sobre O Sistema da Segurança Social
Tenho estado a ouvir e ver com atenção a presença do governo português no parlamento na sua apresentação do novo Sistema para a Segurança Social.
A questão da Segurança Social apoquenta todos os governos e sociedades da actualidade e ao longo dos últimos anos, tenho escutado atentamente as várias soluções que são propostas e tenho pensado sobre o assunto e cheguei à seguinte conclusão:
Só há uma saída: cada país, de acordo com o seu PIB, estabelece um plafond, isto é, tecto máximo de massa salarial para descontar para a segurança social que seja o adequado para pagar as pensões de reforma respectivas aos descontos efectuados para a segurança social. Os valores de massa salarial que ultrapassassem esse plafond, não estariam sujeitos a desconto para a segurança Social tendo em vista as pensões de reforma, mas estariam sujeitos a outros condicionamentos.
Assim o leque dos vários níveis de pensões de reforma estariam sempre dentro dos valores possíveis a serem pagos pela segurança social no país. Não haveria pensões altíssimas nem a discrepância que actualmente existe em Portugal entre os valores máximos e os valores mínimos de pensões de reforma, mas todos viveriam em paz e sem stress relativamente à sua pensão de reforma; pois todos poderiam contar com ela quando chegasse a altura.
Por outro lado, aqueles que auferem ou auferiram salários de grande montante, teriam garantida uma pensão de reforma razoável para o seu país e certamente têm os dividendos dos investimentos que fizeram com o que foi para além da massa salarial sujeita a desconto para a segurança social.
Acredito que desta maneira haveria estabilidade em todos os países relativamente a este assunto. ❐
14 de Julho de 2006 – 6ª-feira
Hoje apercebi-me que a crise energética e os preços altíssimos do petróleo, gasóleo, gasolina estão, claro está, também a afectar os transportes aéreos.
Ainda não me tinha apercebido disto porque imaginei que a busca de substitutos desta energia para os transportes terrestres afectasse também os transportes aéreos. Isto não se passa exactamente porque a causa desta busca é diminuir a poluição ambiente por causa das coimas internacionais. É assim que funcionam. Tinha-me esquecido!
Então acho que está mais do que na altura de encontrar soluções viáveis para o transporte aéreo e marítimo tendo em atenção, não as coimas, mas a conservação do ambiente, em si. Penso que já muito foi conseguido nesta área relativamente ao transporte terrestre. Acho que muita coisa pode ser adaptada e servir de ponto de partida para fazer aviões voar com energias alternativas, energias renováveis.
Tanto há para fazer! Tanto há para criar! ❐
14 de Junho de 2006 – quarta-feira
Ontem vi o documentário EM REPORTAGEM sobre Luanda, a seguir ao telejornal do canal 1 e fiquei estupefacta, principalmente pela grande miséria que rodeia o grande luxo e pensei “Que grande barril de pólvora que eles estão criando para rebentar nas suas próprias mãos.”
Também tudo aquilo tem a ver com políticas do liberalismo dos séculos XVIII e XIX e não com um partido que promoveu uma guerra de libertação para a independência, que ganhou uma guerra civil e foi escolhido pelo povo angolano em eleições livres – o MPLA que sempre se apresentou de fundamentos marxistas.
Em pleno século XXI e com os avanços tecnológicos, os computadores e a computação, não se justifica a miséria em que vive aquela população, principalmente a da capital – Luanda.
Actualmente todo o mundo capitalista faz planeamento, planificação e programação porque só assim se pode avançar para melhores condições de vida para todos, incluindo a maioria da população – estes têm direito a viverem com um mínimo de condições de vida inerentes, eu diria mesmo, aos seres vivos, pois a maior parte dos animais com quem convivemos também preferem o asseio, a limpeza, a higiene, alimentação adequada, afecto, habitação, ...
Qualquer país precisa de uma classe média alta com tudo o que lhe é inerente, mas também precisa de uma classe média, de uma classe média baixa e de uma classe de trabalhadores que devem ser tratados com o respeito inerente ao ser humano como em qualquer país civilizado que se preze e não que se dirijam a eles como se de escravos se tratasse. Uma classe de excluídos é que nenhum país precisa!
Tudo está por fazer ou quase. Então é muito mais fácil começar de que se fosse necessário andar a pôr remendos. Trata-se apenas de organização e vontade política. Para começar há necessidade de:
1º - Não pensar pegar numa área de trabalho e por aí seguir em contínuo; depois pegar noutra área e por aí seguir em contínuo; .... nenhum país aguenta em paz uma política destas ...
As primeiras medidas são políticas.
Primeiro o presidente/primeiro ministro precisa estabelecer um plano político, sem pensar em prazos, para o país. Quem ganhar as próximas eleições, analisará o plano existente, alterará o que achar adequado e continuará o seu trabalho. Este plano político é da responsabilidade do Primeiro Ministro ou/e do Presidente com o apoio dos consultores técnicos que achar por bem convidar: engenheiros, arquitectos, empresários, economistas, responsáveis da Igreja, ... Este plano político precisa de ter por base um bom conhecimento das realidades do país: indústrias, estradas, qualidade dos solos, água, floresta, populações, ... e um mapa do país.
É necessário fazer uma planta aérea (fotográfica) do país ou das áreas de primeira prioridade para conhecer a situação real e aproveitar o que for possível, tendo em atenção as proximidades geográficas e as sinergias.
2º - Este plano político com a planta fotográfica passa para o Primeiro Ministro com o seu Governo que, em reuniões e em visitas aos locais, vão elaborar estratégias, prazos e calendários para a concretização dessas estratégias, tendo em linha de conta os constrangimentos e por base as áreas de primeira prioridade estabelecidas no plano político. Há que trabalhar por nichos para que toda a população tenha um mínimo de satisfação e não parta para o conflito.
Depois o primeiro ministro, com cada ministro, vão dando a conhecer ao país este plano político e explicando como tudo se vai realizar com o apoio de todos e de toda a população e convida a sociedade civil a se organizar para colaborar nestes projectos. Há muitos emigrantes com conhecimentos que podem contribuir bastante para este desenvolvimento.
3º - Estas estratégias e prazos são divididas em áreas do governo e entregues a cada ministro que será responsável pela sua concretização utilizando mapas de material transparente do que pretende fazer de modo que, fazendo coincidir os mapas dos vários ministérios, se saiba aproveitar as sinergias e os prazos de realização dos calendários dos vários projectos dos vários ministérios. Para concretizar as estratégias, cada ministro vai necessitar de elaborar programas, dar a conhecer os seus objectivos ao mundo empresarial para ser contactado e poder contactá-los e também aos meios de comunicação social e ao ministro dos Negócios Estrangeiros que deve apoiar os outros ministros no que lhe diz respeito. Também deve implementar no país o microcrédito de modo a que todos possam pensar em melhorar a sua situação e a da sua família.
4º - Há necessidade de reuniões periódicas e extraordinárias nos vários níveis de concretização do plano político para prestar contas, para analisar e coordenar o trabalho comum entre os vários ministérios e para que haja colaboração e cumprimento de prazos para que nenhuma área prejudique a outra dentro do mesmo projecto. Também há sempre necessidade de rectificar e actualizar planos, estratégias, programas, acordos de modo a aproveitar sinergias e optimizar prazos e trabalhos.
5º - Simultaneamente há que deixar para trás os movimentos de libertação e fundar partidos políticos para cada linha ideológica política agregando a estes o seu passado de movimentos de libertação. Há que criar juntas de freguesia, concelhos, regiões, ... e promover eleições locais, nacionais. Há que fazer formação política e convidar especialistas que em seminários para cada linha ideológica, esclareçam a teoria e a sua praxis e levar esses conhecimentos a toda a população com o apoio da rádio e da televisão.
6º - Para cada aglomerado populacional e área empresarial há que utilizar as energias renováveis: energia solar, energia eólica, ... e reservatórios de água independentes. Isto porquê?
É mais fácil criar um sistema razoavelmente pequeno, conseguir empresários com capacidade financeira para tal, fazer a sua manutenção principalmente quando há pouca mão-de-obra especializada. Até servem de locais de formação para outras áreas geográficas. Os custos são mais baixos e as avarias menos frequentes e a população faz a vigilância. Consultar:
www.energiasrenovaveis.com
www.snig.igeo.pt
7º - Fazendo parte desta primeira prioridade e sempre presente em quase todas as fases de desenvolvimento e fazendo parte deste plano político, a planificação de uma boa rede de vias de comunicação: viária, ferroviária, fluvial, marítima, aérea sempre em sinergia das várias vias e tendo em mente a optimização dos recursos existentes e por criar aos vários níveis. O intercâmbio entre os vários núcleos populacionais é primordial pela realização que o intercâmbio traz para as populações.
8º - Há que fomentar e expandir a Polícia de Segurança Pública para as cidades e para as áreas rurais, a Protecção civil, ...
9º - Há que fomentar a criação de Comissões de Apoio de entre a sociedade civil:
- de Apoio à Criança Maltratada;
- de Apoio à Terceira Idade;
- de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica;
- de Apoio à Grávida;
- de Apoio à Vítima;
- de Apoio às pessoas com HIV –SIDA;
- de procura e oferta de empregos;
- de casas/apartamentos para alugar;
- de Apoio às associações de moradores (para serem intermediárias entre as medidas governamentais relacionadas com a cidadania e os moradores; para reuniões locais, regionais e nacionais com as associações de moradores; para conhecerem a realidade local e darem ideias, auxílio, apoio jurídico, municipal, técnico; ...)
- de defesa do consumidor;
- ......................
10º - Criação de uma boa rede de assistência médica começando por postos médicos fixos e móveis; centros de saúde com serviços de apoio às grávidas também com serviços móveis que apoiem a parturiente no caminho para o hospital; hospitais especializados. Tudo distribuído em rede, em sinergia e de acordo com as necessidades do núcleo populacional e fazendo uso de uma rede de comunicações rápida, em tempo útil e entre os vários profissionais da saúde. Fazer uso, sempre que possível e em sinergia com os outros medicamentos, das plantas medicinais e técnicos de saúde conhecedores e especializados nas plantas medicinais pelo menos regionais.
11º - É natural que os países em vias de desenvolvimento nem de longe tenham os quadros técnicos necessários para as necessidades do país, mas já foi tudo muito mais difícil. Actualmente a energia solar produz energia eléctrica necessária para computadores, televisores, outras máquinas funcionarem. Fazendo uso do e-learning para fazer formação a mestres-escola e professores, de um serviço de telescola para alunos que poderiam usar também os centros das associações de moradores, alargar-se-ia mais rapidamente o sistema escolar a todo o país. Depois, a pouco e pouco, o sistema ir-se-ia aperfeiçoando e sendo cada vez mais exigente, mais qualitativo e o mercado do trabalho cada vez mais selectivo, aceitando sempre em primeiro lugar os melhores, os mais competentes.
12º - Expandir e desenvolver o sistema do Comércio Justo com o apoio das associações de moradores e uma boa rede de escoamento dos produtos rapidamente. Consultar:
www.comerciojusto.pt tel:21 317 28 60
13º - Por exemplo a construção social que compete ao respectivo ministro, utilizando também cooperativas. Aliás, a sociedade civil pode ir organizando-se para, dentro dos seus interesses, colaborar na elaboração e realização dos vários projectos e fiscalizar, depois de decidido em que áreas urbanas fazer construção social.
É importante não esquecer que uma comunidade populacional precisa de escola, centros de saúde, cinema económico, centro desportivo, de um largo com coreto onde as pessoas se possam encontrar, conversar, ouvir música, dançar, ... de oficinas no rés-do-chão dos prédios ou casas para as várias profissões, além de lojas propriamente ditas, um sistema de limpeza urbana, saneamento básico, árvores para ter bom ar, mercado, ...
É muito importante os moradores se organizarem em associações de moradores (com vários sectores incluindo apoio aos trabalhos de casa dos estudantes; acções de formação a vários níveis: cívicos e de boa vizinhança, economia doméstica, áreas profissionais, ... com o apoio da ONU, por exemplo.)
14º - Há que promover Casas da Justiça em cada comunidade onde se combina os conhecimentos mínimos de direito dos jovens com a experiência dos anciãos escolhidos para resolver contendas e assuntos afins e assim ir libertando os tribunais para os assuntos mais complexos e ir fazendo a transição entre os dois sistemas de justiça.
15º - Relativamente à agricultura, na minha opinião, o plano político deve contemplar as comunidades urbanas dispensando pequenos espaços de terreno nas áreas limítrofes para os moradores que quiserem, cultivarem uma agricultura de subsistência para que o agregado familiar tenha sempre algo para comer mesmo que falte o dinheiro e também para troca, havendo apenas o usufruto do terreno, enquanto não for necessário ao município. Também deve promover os pequenos proprietários de terrenos, os médios proprietários e os grandes proprietários; cada um deles com as suas especificidades tendo em atenção a situação geográfica, a qualidade do terreno, a agricultura biológica, o abastecimento dos mercados e a exportação fazendo uso de todos os recursos para realizar uma agricultura rentável, tecnológica e industrial, mas biológica; agricultura, silvicultura, pecuária.
Todo este plano de trabalho não diz respeito apenas a um país, grande ou pequeno, mas pode ser implementado em qualquer país porque tem a ver, não com as particularidades de cada povo, mas sim com a essência de cada ser humano e essa é igual para todos, seja qual for a cor da pele, a raça, a religião, ... ❐
09 de Maio de 2006
Empreendedorismo
Já há várias semanas que me apetece escrever sobre este tema, pois as notícias não falam da necessidade de outra coisa para Portugal.
Primeiro há que ter bem presente, todos os dias, que se os portugueses não são empreendedores, não é culpa deles; não se trata de algo genético. Geneticamente somos inventores, talvez porque a necessidade é a mãe de todas as invenções e somos poetas e não se pode calar o pensamento, pois os poetas são sonhadores e ambos são castrados pelo status quo da sociedade portuguesa que prefere sempre os estrangeiros. O status quo não gosta de criadores nem de sonhadores; talvez a sua existência os irrite e por isso preferem marginalizá-los.
Também durante séculos o establishment (os escolhidos) da sociedade portuguesa nunca quis portugueses empreendedores; mas sim portugueses obedientes e foi isso que fabricou. O sistema educativo português sempre fabricou portugueses obedientes; por isso os trabalhadores portugueses em Portugal não prestam, mas no estrangeiro são óptimos; porque são obedientes. Em Portugal não prestam porque também não prestam os seus chefes portugueses e os seus patrões portugueses. Todos são bons a obedecer.
Aqueles que o establishment destinava a líderes iam estudar para o estrangeiro; claro que às custas da família, em estabelecimentos de ensino que fornecem óptimas fornadas de líderes. Todos os outros só serviam para obedecer.
Agora com a chegada do terceiro milénio e a internacionalização de Portugal, o establishment português precisa de portugueses empreendedores, mas não foram fabricados; não há no mercado português. Que fazer?
- Simples, meu caro! (diz o establishment português) favorecemos a emigração do portuga que não presta e importamos os cámones que querem imigrar para Portugal. Se eles querem imigrar, podes ter a certeza que já são empreendedores e também sem grandes escrúpulos; dá jeito. Não mandamos para Espanha os estudantes que queriam estudar medicina? Agora abrir novas faculdades de medicina?!... isso é caríssimo! Eles estão irritados connosco; dizem que não vêm trabalhar para Portugal. E o desgosto! Temos os espanhóis que quisermos. Os cámones que temos p´raí já criaram muitas empresas e dão trabalho a muita gente. A portugueses nem por isso, mas esses emigram e ainda recebemos as divisas estrangeiras!
Ora bem! Para termos portugueses empreendedores, precisamos de fabricar crianças empreendedoras nos nossos estabelecimentos de ensino. Não podemos ter meninos e meninas mais ou menos crescidos, caladinhos e quietinhos, senão perturbam o professor. Também não podemos ter professores que levam toda a aula a debitar matéria e a mostrar que são muito sabedores. E agora? Como sair desta situação? Os professores foram ensinados a fabricar meninos obedientes e caladinhos, (como eles próprios) nada empreendedores. Eles também não sabem o que isso é.
O establishment português resolve tudo. Importamos professores estrangeiros empreendedores, habituados a fabricar meninos e meninas empreendedores para os nossos estabelecimentos de ensino (porque os portugueses precisam de equivalência dos seus cursos tirados no estrangeiro e sei lá que mais; mas os estrangeiros; venham de onde vierem, estão logo contratados, mesmo sem saber português, com inglês rudimentar a ensinar a estudantes com inglês rudimentar ou menos, mas que importa? São estrangeiros; são bons. Aconteceu já nos anos oitenta e noventa.) e ajudamos os nossos professores portugueses a irem trabalhar para os PALOP. Fim da conversa. E depois? ❐
25 de Abril de 2006
Sou espectadora assídua do programa Sociedade Civil de Fernanda Freitas no canal 2. Ontem o tema foi As novas linguagens. Foi mostrada uma reportagem que me deixou estupefacta e preocupada. Uma das adolescentes dizia que utilizava a escrita segundo a moda em telemóvel e internet nas mensagens SMS. Dizia ela:
- Eu escrevo uma mensagem a uma amiga. Ela responde-me. Eu respondo-lhe ... e temos de usar esta escrita para ser tudo mais rápido e interessante.
Eu comecei a dizer a mim mesma:
- Mas, que se passa com esta juventude?
Adolescentes que falam, ouvem, sem deficiência física preferem conversar escrevendo mensagens SMS em vez de falarem normalmente com o telemóvel que têm na mão. Não preferem ouvir a voz do(a) outro(a) que transmite sempre, por si mesma, tantas informações?
- SOCORRO ....
Eles não estão perdendo apenas vocabulário. A maioria dos adolescentes de hoje-em-dia têm muito menos vocabulário do que as gerações anteriores. Eles estão a perder a capacidade de comunicar, a beleza de comunicar, o estar-bem comunicando a falar.
Como vão ser capazes de trabalhar em equipa, se não conseguem fazer-se entender falando, explicando?
Dizem palavras, mas ninguém os entende e fecham-se cada vez mais em si próprios.
Há uma questão crucial nesta matéria. A capacidade de pensar não está ligada à capacidade de falar. São áreas do cérebro completamente diferentes. Podemos ter óptimos pensamentos, raciocínios e não conseguirmos comunicar nada disso aos outros. Outra questão também muito importante: se apenas treinamos o pensamento; ele chega a atingir grandes velocidades que nos é impossível pará-lo. Consequências: impossibilidade de adormecer, incapacidade de falar porque o acto de falar é mais lento do que o acto de pensar, esgotamento cerebral e por último a loucura.
O pensamento precisa do freio da linguagem para se comedir e qualquer ser humano precisa de comunicar falando, exprimindo-se, socializando ...
Os adolescentes sempre criaram linguagens próprias para comunicaram entre si, fecharem o seu mundo aos adultos. Todos os adultos já foram adolescentes e sabem do vocabulário próprio que se utilizava ...
Essas formas de linguajar foram sempre coexistentes com a língua corrente e os professores sempre foram capazes de corrigir oralmente e na escrita e valorizar os alunos que melhor se exprimiam ...
Actualmente há muita permissividade nas famílias, nas escolas públicas e nos empregos, nos locais de trabalho?
Se um aluno se sentir prejudicado na avaliação do seu teste pelos erros que dá, mesmo que seja a linguagem SMS; se um aluno souber que será preterido num emprego porque não consegue verbalizar as suas ideias, não se consegue exprimir em língua corrente, não consegue escrever correntemente o que lhe pediram na entrevista; ele vai pensar duas vezes antes de insistir em usar a sua linguagem fora do contexto.
Solução para as escolas: clubes de leitura, análise de textos, expressão de opiniões sobre o tema, o texto, o livro, a cidadania, a actualidade, .... Já agora também é essencial que tenham aulas de fonética, pois há quem fale e não se perceba as palavras que diz. Tudo isto também pode acontecer em ateliês escolares. ❐
01 de Abril de 2006
As Viagens na Minha Terra de Almeida Garrett fizeram-me estudar novamente as Invasões Francesas de 1807-1811 e verifiquei que, desde o início o Algarve foi ocupado por regimentos franceses e isso levou-me a outra ordem de pensamentos: exactamente à Praia de S. Roque e a uma espécie de bivalves que lá se apanham nas alturas das marés grandes. Aquele cujo nome varia de lugar para lugar onde é apanhado; em Lisboa são cadelinhas e cá no barlavento são conquilhas ou condelipas.
Se nos quisermos debruçar sobre o assunto, acho que, com estes bivalves aconteceu o mesmo que com muitas outras coisas que temos: foram os de fora que nos ensinaram a reconhecer e a aprender a gostar daquilo que temos e não damos a nossa menor atenção até que um dia chega alguém de fora e nos mostra como é bom.
Se tomarmos atenção à palavra conquilha, ela é uma adaptação da palavra francesa conquille e certamente não é pela erudição da população do barlavento, mas sim porque os soldados franceses já conheciam este género de alimento e ensinaram aos nativos a cozinhá-los para eles e claro que quem cozinha, prova e gostaram e adoptaram o nome para conquilha e o alimento com a sua maneira de cozinhar.
No entanto, reza a lenda que não foi só a soldadesca que gostou das conquilhas. Diz-se que havia um general ou um comandante francês cujo passatempo favorito era apanhar conquilhas entre a Praia de S. Roque e Alvor: era o conde de Lippe. Certamente haveria portugueses que perguntariam aos seus soldados em português, apontando para o conde:
- Ele, que faz?
E o soldado francês, que não tinha estudado português teria respondido:
- Conde de Lippe. (pensando que lhe estariam a perguntar quem ele era)
O português de certeza que iria ter com ele porque somos muito curiosos, e dir-lhe-ia:
- Condelipa?
- Sim.
O comandante teria no pensamento a sua pessoa e o português aquilo que ele estava a apanhar.
Assim passou a existir mais uma palavra nova na nossa língua – condelipa para designar aquela espécie de bivalves. ❐
15 de Março de 2006
Sobre o fechamento de maternidades no interior
Na minha opinião, o Ministério da Saúde está a seguir uma política errada.
1º - Nas últimas décadas, fala-se na necessidade do repovoamento do interior. Então há que fomentar políticas que levem a essa consequência.
2º - Todos dizem que os bebés nascem quando eles querem e que não vale de nada dizer para eles esperarem. Parece-me que há drogas para acelerar o nascimento das crianças, mas é muito perigoso tentar o retardamento. Talvez a causa de muitos deficientes a vários níveis esteja exactamente em a grávida não ter o apoio conveniente na hora do parto.
3º - Tenho ouvido muito falar que os hospitais são os elefantes brancos das despesas públicas. A maior parte de Portugal é interior; é um país pequeno e com poucos centros populacionais de dimensão média europeia.
4º - Sempre tenho ouvido falar que os hospitais que temos são ineficientes, ineficazes, inoperantes, com mau ambiente de trabalho, com mau atendimento, com muitas horas perdidas nas salas de espera, com má distribuição horária entre profissionais.
5º - Talvez o problema esteja em se adoptar modelos de outros países de características muito diferentes, em vez de procurar uma solução adequada à situação real do nosso país.
Acho que as estruturas hospitalares devem estar adequadas às áreas de densidade populacional a que se destinam; não esquecendo que todos têm direito à saúde, educação, ... e que se pretende um país bem repovoado, com micro e pequenas empresas. Então há que estudar mapas, conhecer locais e encontrar centros que sejam equidistantes a diversos núcleos populacionais que se pretendem reactivar e dar-lhes as condições para serem reactivados. Não foi por acaso que a revolução industrial começou na Inglaterra. Assim começam todos os textos deste tema.
Na minha opinião, há que criar redes de serviços de saúde de várias dimensões (em povoações – postos clínicos; em pequenas cidades – centros de saúde com maternidades, depois clínicas, depois hospitais especializados, ... tudo com um bom planeamento e tendo em atenção as distâncias e com dormitórios para utentes e familiar) com funções variadas e complementares e com sistemas de comunicação eficazes, eficientes e de comunicação imediata. Não são os utentes que têm de andar de capelinha em capelinha, mas os profissionais, os empregados da instituição que têm de resolver o problema ao utente. É para isso que estão a ser pagos. Eles estão dentro do sistema. Eles sabem o que é preciso fazer e devem fazê-lo.
Assim não há serviços obsoletos, pois é fácil mudar, renovar estruturas; não há empregados a mais nuns e empregados a menos noutros lugares; os equipamentos estão rentabilizados porque os empregados são competentes; os edifícios e os seus equipamentos têm a manutenção adequada e há pessoal competente a elaborar horários de trabalho e turnos; os utentes são bem tratados porque os profissionais e os empregados estão felizes com a eficiência do seu local de trabalho e o seu bom ambiente. Assim é! ❐
18 de Fevereiro de 2006
Em Outubro de 1962 iniciei as minhas aulas na escola. Era a minha Primeira Classe. Fui uma das poucas alunas que já sabiam ler, escrever e fazer contas porque a minha mãe me ensinou em casa. Foi uma grande ajuda; é sempre uma grande ajuda porque isto é o que demora mais a aprender: segurar no lápis, desenhar as letras, juntar as letras, ...
A minha mãe não frequentou a escola. Ela diz que os meus avós achavam a distância entre a escola e a casa muito grande e muito isolada para uma menina a fazer. O meu tio, irmão da minha mãe, onze anos mais novo do que ela, já frequentou a escola e terminou a quarta classe, ficando com o diploma. No entanto, a minha mãe frequentou a casa de uma senhora que ficava bem mais perto de casa dos meus avós e que ensinou à minha mãe o básico dos quatro anos de escolaridade. A minha mãe guardou o livro da quarta classe que ela utilizava nessa altura e que eu, muitas vezes, lia e percorria com os olhos. Na escola era frequente nós aprendermos um poema para depois a professora escolher uma de nós para o recitar perante a turma. Isto ajudava a exercitar a memória e também a pronunciar correctamente as palavras, pois era tudo preparado com antecedência. Deste livro lembro-me de ter escolhido um poema que frequentemente o lia em casa e quando estava à janela de casa, ou a bordar ou a fazer renda me vinha à mente e eu recitava-o. Trata-se de O fiozinho da fonte do poeta Augusto Gil:
Nasce uma fonte,
rumorejante,
na encosta de um monte;
e mal que do seio
da terra brotou,
logo o seu veio,
transparente
e diligente,
buscou e achou
mais baixo lugar ...
e sempre descendo,
e sempre a cantar,
vai andando,
galgando, vencendo,
(ou tenta vencer ...)
folha, raíz, areia, o que tolher
a sua descida.
Ao brotar na frágua
é uma lágrima de água ...
mas esse humilde fiozinho,
que um destino bom impele,
encontra pelo caminho
um outro que é como ele ...
reúnem-se, fundem-se os dois,
prosseguem de companhia,
e fica dupla depois
a força que os leva e guia ...
junta-se aos dois um terceiro,
outros confluindo vão,
e o regato é já ribeiro,
e o ribeiro é rio então ...
e nada agora o domina
ao fiozinho da fonte,
entre colina e colina,
ou entre um monte e outro monte.
Caminha sem descansar,
circula através do mundo,
até à beira do mar,
omnipotente e profundo.❐
Do mesmo livro gostaria de deixar as quadras soltas do poeta João de Deus:
Folha Caída
que fazes tu por aqui,
triste folha despegada?
«O vento numa rajada
arrancou duma chapada
o carvalho onde nasci;
desde então, seguindo o vento
na carreira desigual,
percorro a cada momento
bosque, várzeas, monte, vale;
e ando neste movimento
sem receio e sem desdoiro;
vou na onda caudalosa
que leva a folha da rosa ...
e leva a folha do loiro!» ❐
Quem dá aos pobres, não tema
pobreza extrema;
quem os despreza,
cai na pobreza. ❐
Quem teve a grande desgraça
de não aprender a ler,
só sabe o que se passa
no lugar onde estiver. ❐
18 de Novembro de 2005
Hoje gostaria de reflectir sobre as aulas de substituição nas escolas. Apesar de estar um pouco afastada destes locais já há algum tempo, continuo a acompanhar e a me preocupar com o que lá se passa.
Para mim é muito estranho que se ponha um professor qualificado a substituir um professor que faltou para fazer jogos com os alunos, mantê-los na sala de aula e esse tempo conte como tempo utilizado na disciplina do professor que faltou;
Também para mim é muito estranho que os professores qualificados fiquem mais horas na escola, mas continuem a não se reunir por especialidade para se apoiarem uns aos outros em assuntos pedagógicos; para prepararem o mês de aulas que se aproxima; para conhecerem melhor os seus alunos; para elaborarem projectos educativos de acordo com a matéria que vão leccionar de modo a tornarem as aulas mais atractivas; para planearem as aulas a favor da interdisciplinaridade ...
Que se passa no reino da educação que parecem cegos, surdos, mudos a conduzir outros cegos, surdos, mudos e todos querem conduzir os outros?
Na minha modesta opinião, as aulas de substituição são muito importantes quando forem um tempo útil para os alunos. Caso contrário, coitado de quem está na sala com eles.
Por que é que essa aula de substituição não é utilizada por outro professor de outra disciplina da mesma turma para utilizar essa aula para proveito da sua disciplina e assinar o livro de ponto da sua disciplina, acrescentando mais uma aula. O professor que vai substituir um colega, vai utilizar esse tempo a trabalhar melhor a matéria que está a leccionar neste momento; a utilizar os meios tecnológicos sobre a mesma matéria; a fazer exercícios, questionários, diálogos entre alunos sobre o mesmo tema. Se o teste está próximo, a fazer um teste formativo e a dialogar com os alunos sobre os resultados e a aconselhar, esclarecer aqueles alunos que disso necessitarem. Os professores não podem preparar as suas aulas de véspera. Cada tema deve ser preparado como se houvesse tempos, materiais ideais e alunos difíceis e aproveitar o máximo de oportunidades para cumprir esse plano, estratégia. Ficamos sempre aquém, mas com criatividade ....
Agora não ter nada preparado; ... isso só produz professores frustrados e alunos frustrados.
Outra hipótese: que as aulas de substituição sejam aulas de cidadania ou aulas de formação pessoal; aulas com psicólogos.
O programa destas aulas seria organizado pelo próprio professor preparando umas dez ou vinte aulas com antecedência. Agora com os computadores é fácil. Quando tivesse uma aula para substituir, veria que tema seria o mais adequado, tendo sempre o cuidado de não repetir o mesmo tema na mesma turma. Poderia lançar um inquérito aos alunos para saber que temas gostariam mais de trabalhar com o professor; usar multimédia variado; reuni-los em grupos de três ou quatro, nomeando um para coordenar e apresentar o que foi feito, acordado, concluído no grupo no último tempo da aula; ... enquanto que o professor conversa com um grupo com problemas de aprendizagem, de disciplina, ... tanto que se pode fazer. HAJA CRIATIVIDADE! ❐
13 de Outubro de 2005
Todos os que procuram a riqueza, sem o saber, estão a caminhar para a miséria.
Hoje gostaria de desenvolver esta frase da sabedoria popular; este provérbio. Sempre ouvi dizer que voz do povo é voz de Deus e concordo plenamente.
Cada vez mais os seres humanos, os que forem, se gastam com o ter, esquecendo-se que nada do que conseguiram é deles e de tal maneira se gastam para o ter que não têm tempo para mais nada: nem para a família, nem para o lazer, nem para os amigos, nem para acções de solidariedade. Mas o tesouro que eles consideram tão definitivo, é tão efémero ...
Tanto tempo já passou desde que Platão e os seus discípulos publicaram a Alegoria da Caverna e a grande multidão continua sem perceber nada.
Todo o tesouro da Terra só tem validade, se tiver o seu verdadeiro, o seu original, no céu. Como não vale a pena se preocuparem em fazer muitos meninos e meninas na Terra para não acabar a espécie, se não houver meninos e meninas no céu da Terra porque sem estes não há os outros. Por algum tempo podem continuar a existir os invólucros, mas se dentro deles não houver menino ou menina, eles serão tudo menos meninos e meninas.
Como é que se valida o tesouro que conseguirmos na Terra?
Com o tesouro que tivermos no céu. Agora o tesouro do céu tem de ser bem maior do que o tesouro da Terra para também o aguentar. Assim se quisermos algum tesouro na Terra para nosso conforto e da nossa família, temos de batalhar principalmente pelo tesouro do céu.
Também não vale a pena pensarmos que seremos atendidos nos nossos pedidos a Jesus Cristo, à Senhora, ... se nós não tivermos um tesouro no céu onde seja possível ir buscar a recompensa pela satisfação desse pedido.
O tesouro do céu é composto pelo bem que fazemos aos outros seres, humanos ou não, amigos ou inimigos, ou por orações a favor de Deus, de alguém da Família de Jesus Cristo, da Senhora, dos anjos e santos. Também a favor de alguém ou de todos nós. Todos precisam que rezemos por eles, incluindo Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Só assim se legitima o tesouro conseguido na Terra, mas sempre, sempre é dádiva de Deus para termos o usufruto e o administrarmos para proveito de todos. Se foi conseguido com o egoísmo, não terá a bênção de Deus e, mais cedo ou mais tarde, ruirá e será a miséria. Não tinha alicerces. Assim
Todos os que procuram a riqueza, sem o saber, estão a caminhar para a miséria. ❐
08 de Outubro de 2005
O dia 27 de Abril de 1972 foi a data da festa de despedida do Dr. Raul Horta, director da actual Escola Secundária Gil Eanes de Lagos, situada no Largo das Freiras e que na altura se chamava Escola Secundária de Lagos. Além de Director da escola foi também meu professor; um óptimo professor e muito humano.
Com alguma antecedência a minha professora de português, na altura a Dra. Emília Veiga, durante uma das aulas, convidou-nos a escrevermos umas palavras sobre o Director para um dos alunos depois ler durante esta festa em nome de todos os alunos. Salientou que gostaria que eu não deixasse de escrever porque tinha muito jeito. Assim incentivada, não deixei de escrever um pequeno texto que lhe entreguei na aula seguinte.
Passadas algumas aulas após esta, numa outra aula, a professora disse-nos que os professores tinham analisado os textos entregues e tinham escolhido dois textos como os melhores e que, por acaso, encaixavam bastante bem e eram os dois, textos das duas Carmelitas, que frequentavam a escola. Os meus colegas imediatamente expressaram o seu apoio e disseram que eu escrevia muito bem. A professora disse-me que, do outro texto escolheram a introdução que encaixava perfeitamente no meu texto, que tinha sido todo aproveitado. O texto a dizer tinha ficado assim como estava no papel que ela me entregou no momento. Perguntou-me se eu me incomodava com isso. Eu disse logo que não. Então ela disse-nos que os professores também me tinham escolhido para dizer o texto na festa. Eu fiquei apreensiva e ela disse-me logo que já tinha falado com a outra Carmelita e ela concordou e até preferia assim e também o meu texto era a parte maior.
Assim eu fui uma das convidadas nesta festa de despedida do Dr. Raul Horta, por limite de idade e ele ficou muito sensibilizado com as palavras que proferi em nome de todos os alunos. Era assim o texto:
Senhor Director
Venho aqui em nome dos meus colegas dizer umas palavrinhas ...
Gostaria que elas fossem belas, mas não tenho pretensões visto que o meu génio oratório não me ajuda e, além disso, a costureira não acabou o vestido de seda e ouro com que elas deviam vir vestidas.
Contudo arrisco porque o que interessa verdadeiramente não são as palavras, mas os sentimentos e, neste momento, é a saudade e a eterna gratidão que nos invade.
Acredite, Senhor Doutor, que nós, vossos alunos presentes e, com certeza, todos os que se encontram ausentes por motivos de ordem vária; todos nós, uns com a sua presença, outros com o coração, estamos reconhecidos ao Senhor pela maneira como nos tem dirigido como Director e ensinado como professor; pois que tem sido companheiro e amigo de todos os que por aqui passaram.
Como director porque soube manter a ordem entre todos os jovens que aqui se encontram, dando castigos convenientes a quem os merece e estimulando os que cumprem o dever a que se obrigaram ao se matricularem nesta escola.
Como mestre porque fez sempre o possível para que todos os alunos compreendessem a matéria que ensinava, explicando-a da maneira mais fácil e ainda, pisando-a e repisando-a sempre que necessário para uma melhor compreensão.
Por nunca ter posto obstáculos a qualquer convite que pudesse enriquecer culturalmente os alunos desta escola; por tudo o que fez por nós, o muito obrigado, do fundo do coração, de todos nós, rapazes e raparigas desta escola.
Muito obrigado, senhor director! ❐
29 de Agosto de 2005
Tenho andado a pensar em Taizé.
Ouvi um jornalista comentar há algum tempo que esta palavra Taizé já faz, de tal maneira, parte do nosso vocabulário que já muita gente anda a dizer «Taizé» à portuguesa.
Então eu comecei a pensar nas várias palavras estrangeiras que temos acrescentado ao nosso falar por duas vias:
1)via erudita – matiné; soiré; abatjour; soutien; …
por quê via erudita ?
porque as classes superiores portuguesas, falantes de francês, difundiram estas palavras no nosso vocabulário. Elas sabiam ler e escrever o francês. Quando estes significados passaram a fazer parte do vocabulário popular já estavam de tal maneira implantados na sociedade, significantes e significados, ninguém teve a menor dificuldade em adoptá-los.
2)via popular:
a) Londres (de London);
b) Paris (de Paris, mas lido à portuguesa) e neste caso Taizé lido à portuguesa. O que é que está aqui em questão?
Na altura que Londres e Paris entraram no nosso vocabulário, pouco interessava que as palavras não fossem pronunciadas correctamente pelos emigrantes portugueses, mas certamente que este facto ajudou muito a que os portugueses fossem considerados pelos naturais dos países de acolhimento como ignorantes e idiotas, afinal nem conseguiam dizer estas palavras correctamente.
Hoje a população portuguesa desloca-se bastante aos outros países e a Taizé, principalmente os jovens e estes com o 12º ano de escolaridade, em geral. Andar por aquelas terras a dizer Taizé à portuguesa certamente que ninguém lhes conseguirá indicar o caminho.
Por outro lado, em tempos aprendi de entendidos na matéria que palavras de uma língua que não têm significante no outro país, escrevem-se exactamente como são ditas na língua de origem.
Assim, como estamos no princípio, vale a pena pensar sobre o assunto. Temos duas hipóteses que não nos envergonham:
1ª - escrever Taizé e dizer Têzê. É a ideal. Afinal, podemos não ser muito inteligentes, mas penso que este esforço ainda é possível para a grande maioria dos portugueses.
2ª - escrever Têzê e dizer Têzê. Com esta hipótese é possível aos portugueses que lá se quiserem deslocar, ter quem os entenda e lhes indique o caminho com gestos, mesmo que os portugueses não saibam falar francês.
14 de Julho de 2005
É grande o contentamento por a partir de agora ser possível fazer o registo de uma empresa num dia e é óptimo, mas parece-me que se pode ir um pouco mais além.
É necessário alterar o princípio: não é o cidadão que deve andar de balcão em balcão e de instituição em instituição, mas sim o funcionário que aceita o processo. Esse tem o seu salário para resolver os problemas dos cidadãos dentro da sua área de trabalho enquanto que o cidadão tem o seu trabalho para executar e salário para ganhar para poder pagar as suas despesas e não prejudicar a sua equipa de trabalho.
Assim, no balcão adequado, o cidadão apresenta o seu problema e os seus documentos pessoais que lhe são pedidos pelo funcionário ao balcão para tirar fotocópia de cada. Este funcionário cria um dossiê novo para este processo; coloca lá as fotocópias e o registo do pedido do cidadão e entrega ao cidadão um papel que comprova, com data e hora daquele dia e nome legível do funcionário e data para o cidadão vir buscar tudo o que precisa; isto é o início do processo. Claro que tudo isto pode ser feito num computador com apoio de um scanner.
Outro funcionário coadjuvante deste, toma conta do processo e dá todas as voltas necessárias, fora e dentro da instituição, e cria todos os papéis e documentos necessários para resolver o problema daquele cidadão.
Na data marcada, o cidadão regressa para levantar o que precisa e/ou documento que comprove o que foi feito e o cidadão paga o que lhe for pedido pelo serviço prestado e assina documento que comprove o que leva. O dossiê permanece na instituição pelo tempo que esta achar conveniente.
Se, a posteriori, o cidadão se deparar com algum problema, dirige-se ao gabinete do inspector daquela instituição; apresenta a sua queixa e sai e é o inspector que fará as diligências necessárias, chamando os funcionários em falta para rectificarem o erro e pagarem do seu bolso uma indemnização de reparação de danos ao cidadão em causa. Na data marcada no papel que o cidadão levou consigo, este comparece no gabinete do inspector; recebe o que tem a receber e a indemnização; agradece ao inspector e sai feliz.
16 de Maio de 2005
Se há línguas em que há uma só palavra para os nomes do verbo conceber – na língua portuguesa temos duas palavras, facto que só enriquece a nossa língua. Então é pena que usemos, principalmente os letrados, as palavras incorrectamente ou só uma das palavras com os dois sentidos como na língua inglesa. Assim temos:
Concepção – a concepção do mundo na Criação; a concepção de uma obra de arquitectura; a concepção de um quadro; ......
Conceição – a conceição de um bebé; a Imaculada Conceição de Maria.
Há tempos foi-me dito que na Alemanha, em cada turma, o professor(a) escolhe os alunos com mais capacidades e os alunos com mais dificuldades de aprendizagem e a cada aluno com mais capacidade é-lhe atribuída a responsabilidade de apoiar e ajudar um(a) dos alunos com mais dificuldades. Os lugares, as alturas, são assunto dos dois. A recompensa ao “tutor” é assunto dos dois. É o tutor da língua inglesa.
Penso que a escola poderia compensar estes alunos que apoiam os que têm mais dificuldades, identificando-os num quadro de honra – o quadro dos tutores.
Acho que deveria haver critérios de atribuição como:
- proximidade de residência;
- proximidade dos níveis económicos das famílias para não haver constrangimentos;
- aluno de pais separados com aluno de família integrada porque a família vai surgir na relação dos dois e isso é importante para o aluno de pais separados;
..........
Acho mesmo importante o/a tutor(a) elaborar um relatório no final de cada período analisando o trabalho desse período e que o entregue à professora que será a supervisora e que entrevistará cada par separadamente no início do período seguinte.
Na festa do final do ano deve ser mencionado o valor do trabalho dos mestres em geral e particular.
02 de Maio de 2005
Sempre que se vem para Lagos temos, à entrada de Odeáxere, um erro ortográfico crasso em letras garrafais: - parece que não incomoda ninguém. Tudo isto deve ser fruto dos tempos de grande ignorância que vivemos onde a lei é: quanto mais ignorante, mais integrado e bem-vindo. Afinal, não incomoda a sua presença.
Então, se pronunciamos Odiáxere, estamos a usar uma palavra que se formou por aglutinação e cuja primeira palavra é ODE que em árabe quer dizer rio, caudal. Assim temos: Odeceixe, Odelouca, ....
Também pronunciamos passiar e até agora é erro escrever assim, pois deve ser escrito passear, veranear, óleo, ...
Claro que estas coisas podem fazer muita confusão nas cabeças dos miúdos e graúdos que temos e depois, ... coitadinhos.
12 de Março de 2005
Tenho andado a pensar em Descartes. Descartes chegou à conclusão: - Eu penso, logo existo.
Penso que o pensamento de Descartes não está completo ou não está totalmente conhecido porque a conclusão dele deve ter sido:
- EU PENSO, LOGO EXISTO E INCOMODO.
Esta deve ter sido a conclusão de Descartes!
06 de Março de 2005
Se olharmos para a ciência, verificamos que a mulher tem dois cromossomas XX e o homem tem YX. Se quisermos brincar, podemos dizer que até para o homem material existir precisa de ir buscar um cromossoma à mãe; mas a mulher não precisa de ir buscar nenhum cromossoma ao pai. Também, se quisermos analisar mais de perto, verificamos que o Y pode ser um X incompleto. É o problema de o homem ter sido feito primeiro. Para criar a mulher, Deus acrescentou ao cromossoma uma perninha para o X ficar perfeito.
Contudo, acho que o mundo sem eles não teria graça.⌂
26 de Janeiro de 2005
Hoje gostaria de reflectir sobre o que muita gente já anda também a reflectir. Os astrólogos falam no início de uma nova era; os teólogos falam dos fins dos tempos e dos sinais dos fins dos tempos; os cientistas falam de grandes mudanças climáticas; os criadores comparam o período que se avizinha ao grande arrefecimento que a Terra sofreu cerca de doze, onze mil anos antes de Jesus Cristo e que provocou o desaparecimento de muitas espécies. Eu acho que todos têm razão e gostaria de citar um extracto de um dos vários manuais da História que tive na minha muito longa vida de estudante, pois também continuo estudante.
“É impossível descrever pormenorizadamente a maneira como viveram os agrupamentos humanos da Pré-História dado o seu grande número, a diferença das suas características, a variedade dos locais e das épocas onde a sua vida e as suas actividades se desenvolveram e ainda o insuficiente conhecimento dos historiadores em relação a esses recuados tempos.
No entanto podemos dizer que começaram por viver ao ar livre, nas florestas, sem habitações nem vestuário. Alimentavam-se, predominantemente, de frutos silvestres, de ervas, raízes e caules tenros de plantas e parece que muito cedo começaram a apanhar e a comer pequenos animais que estavam ou passavam ao seu alcance: ratos, lagartos, cobras, tartarugas, aves, porcos e antílopes ainda muito novos.
....................
Com o rodar dos milénios, a mão e o cérebro do homem e da mulher paleolíticos foram-se desenvolvendo e aperfeiçoando.
O progresso e aperfeiçoamento técnico no trabalhar do sílex só foi possível realizar-se ao longo de centenas de milhares de anos e no decorrer desses milénios, várias outras manifestações e acontecimentos importantes se deram nas vidas dos seres humanos.
Estes passaram de colectores a caçadores. Passaram a perseguir vários grandes animais para a sua alimentação: elefantes, rinocerontes, hipopótamos, mamutes, búfalos, ursos, tigres, cavalos, .... Só pela inteligência podiam vencê-los e dominá-los.
Assim os seres humanos primitivos se abasteciam de carne, peles e ossos. Aprenderam a produzir fogo e depois a conservá-lo e utilizá-lo para aperfeiçoar os seus instrumentos de caça utensílios domésticos e para cozinhar os alimentos.
Quando, já no declinar do Paleolítico, a temperatura baixou extraordinariamente, os seres humanos primitivos tiveram de acender fogueiras para se aquecerem e recolherem-se às cavernas para se abrigarem.
A vida ao ar livre tornou-se insuportável e assim tiveram de procurar abrigo nas rochas ou debaixo do solo. Nestas primitivas habitações viveram durante milénios e aí nos deixaram sinais bem vincados da sua permanência e dos progressos que nessa altura realizaram.
Mas, eis que, cerca de dez mil anos antes de Jesus Cristo a temperatura volta novamente a subir amenizando o ambiente em que vivia o homem e a mulher das cavernas. Assim termina o período Paleolítico.”
Tudo isto me faz pensar que, como o lavrador coloca uma parte da sua terra de pousio para depois voltar a utilizar; assim também acontece com o planeta Terra: há sempre uma boa extensão de terra guardada sob o gelo ou neve permanente, como que em pousio, para ser utilizada e a utilizada passar a pousio para reabastecer-se e voltar a ser fértil.
18 de Outubro de 2004
Muitas vezes se ouve dizer que em geral os estudantes têm boas ou médias classificações durante o ano lectivo e quando fazem os exames nacionais têm classificações muito baixas e culpam o facilitismo do ensino oficial. É verdade, mas não só ...
Gostaria de recordar que o método de avaliação não é o mesmo e os pais sabem isso. Os alunos, durante o ano lectivo, fazem os seus testes e estes são classificados descontando da classificação máxima aquilo que está errado e dentro disso avalia-se se está completamente errado; se a questão não foi compreendida, mas resolvida de acordo com o que se compreendeu; se sabe resolver, mas a falta de bases o leva a errar; ...
Outra coisa é a avaliação que se faz nos testes de nível nacional. Nestes, além de descontar o que está errado, desconta do que está certo porque tentou fazer e o resultado estava errado.
Este método, na minha opinião, contém em si uma filosofia completamente errada:
1º - não é utilizado durante o ano lectivo, então os bons alunos não conseguem aprender a se precaver contra ele;
2º - corta completamente a criatividade, a capacidade de raciocinar e tentar aplicar os conhecimentos para ir deduzindo hipóteses;
3º - um mau aluno lê uma questão e diz: - Eu disto não percebo nada. E não faz. São estes que este método premeia.
4º - um bom aluno, principalmente a matemática, pensa: - Se eu percebi o português da questão, isto está relacionado com esta matéria e também com esta. Vou resolver desta maneira; começa a aplicar todos os seus conhecimentos, toda a sua criatividade e o seu raciocínio e quando chega ao fim pensa: - Acho que fiz um bom trabalho.
O bom aluno depois vê a sua classificação e tem vontade de chorar. Afinal aquele problema difícil em que aplicou toda a sua energia e conhecimento, chegou a um resultado que não coincidia com o resultado que o avaliador tinha na cábula e pronto: classificação – zero e alguns valores a descontar na classificação que já tinha alcançado com aquelas questões em que os resultados coincidiam ....
Por que é que ninguém fala desta barbaridade? Há anos e anos que isto se passa. ⌂
04 de Janeiro de 2004
Hoje li num jornal um artigo intitulado As dez mais importantes descobertas de 2003 e que foram escolhidas pela revista Science. Esta revista considerava como primeira descoberta em importância “o facto de ter sido provado que todas as galáxias e outros corpos do universo se estão a afastar cada vez mais sob o efeito de uma força a que os astrónomos chamam energia negra”.
Comentário
Ao ler esta notícia recordei-me das visões de S. João no Apocalipse. Será que este facto tem a ver com (...) “o primeiro céu e a primeira Terra tinham desaparecido e o mar já não existia.” (Ap 21,1)?
Será que está escrito primeiro céu porque ficará outro céu?
Será que está escrito primeira Terra porque ficará outra Terra?
Tudo o resto desaparece porque pertence às trevas e por isso está a ser absorvido pelo Buraco Negro?!¯
20 de Março de 2003
“Sou professora austríaca. Não consigo estar numa sala de aula sem pôr os alunos a trabalhar, a pensar, a criar,...
Na Áustria, cada turma tem uma sala por sua conta. No inverno os alunos trazem sapatos num saco para usar dentro do edifício e assim terem sempre os pés secos e quentinhos. Na Áustria, é impossível imaginar mandar os alunos para a chuva, o vento e o frio nos intervalos das aulas, mas cada terra tem os seus hábitos ...”
Portugal, que monstro és que não consegues olhar bem nos teus olhos e veres o mal que fazes aos teus filhos?
Enquanto professora, numa sala de aula no inverno (e as aulas percorrem o inverno todo) várias vezes os alunos me pediram:
® Professora, deixe-nos ficar na sala de aula. Aqui está frio, mas lá fora é bem pior e ficamos todos molhados.
E eu respondia-lhes:
- Vocês bem sabem que não me é permitido deixá-los aqui dentro. Assinei uma folha de serviço para ser a última a sair e fechar a porta. Se houver problemas, serei a responsável.
® Nós não estragamos nada. Tem a nossa palavra.
- Vocês sabem que não posso.
E todos saíam. Enquanto iam saindo para fora do edifício, iam dizendo:
® Preocupam-se mais com o material e com o edifício do que connosco. Somos ovelhinhas mansinhas empurradas para o curral. Não somos nada para esta gente; só lixo!
15 de Fevereiro de 2003
Numa época em que o desemprego e a crise económica grassa na sociedade, na minha opinião, há necessidade de agarrar e expandir um novo tipo de relações entre os cidadãos. Numa altura em que as pessoas não têm dinheiro para comprar o que precisam para si e para a sua família e não querem roubá-lo, então há necessidade de exercer a TROCA DE SERVIÇOS.
Há já algumas autarquias que criaram uma secção para que os seus munícipes exerçam a troca de serviços, mas há necessidade de alargá-la a um número muito maior de autarquias e freguesias e é preciso divulgar e ajudar as pessoas a usarem uma unidade de medida-padrão para que o sistema possa funcionar. As pessoas, só por si não são capazes de estabelecer essa unidade de medida-padrão e, ao sentirem-se prejudicados por falta de equidade, afastam-se deste sistema silenciosamente. /
O povo eleito de Deus é o povo crente no coração, praticante das boas obras, acolhedor da Mensagem e pondo-a em prática no seu dia-a-dia com actos e é oriundo de todos os povos da Terra e de todos os estratos sociais e de todas as religiões.
(Lagos, 18 de Março de 2003)
10 de Fevereiro de 2003
As línguas, nos primórdios, eram apenas orais. Não havia dicionários e aquando das invasões, os invasores não queriam saber da língua nativa daquele território para nada. Os vencidos que se preocupassem em tentar percebê-los e se não eram capazes disso, mais uma cabeça menos uma cabeça pouca diferença faria. Assim a mesma palavra em lugares diferentes tem significados diferentes de acordo como essa palavra era entendida foneticamente e como era apreendido o seu significado pelos receptores. Quanto à construção das frases então nem falar. Era a mais completa anarquia.
Por exemplo no latim nunc significa em português agora, mas temos a palavra em português nunca e podemos perceber a semelhança oral. Se quisermos pôr a nossa imaginação a funcionar podemos imaginar um soldado romano a ordenar a um nativo ibérico: nunc, nunc. O nativo olha para o soldado, olha para onde ele apontava e pensando perceber que é para fazer, toca-lhe com o pé para sentir o que é. O soldado, pensando que ele não percebeu nada, volta a gritar-lhe: - nunc, nunc.
Como o nativo recua, o soldado afasta-se gritando: - bestiá. O nativo sai dali a caminho de casa e encontra outros nativos que lhe perguntam:
- Então, que tal o romano?
- Não é má pessoa. Grita muito, mas isso deve ser da raça. Olha, já aprendi com ele duas palavras: nunca e bestial.
Duas palavras que os amigos agora já conhecem e vão passar a usar para ensinar aos outros.
Com a introdução da escrita a língua de uma determinada região passou a ser analisada por curiosos que ensinavam a sua língua na corte e, pela necessidade, foram-se criando cadernos de palavras sinónimas nas duas línguas e a pouco e pouco chegou-se aos dicionários.
Também pela necessidade foi-se estruturando a língua de maneira a que fosse possível criar regras para que o estrangeiro a pudesse falar e expressar-se e ser compreendido, pois já não se tratava de uma relação de vencedores e vencidos.
Quando actualmente se foge à norma porque não a conhecemos e não querendo fazer figura de ignorantes, afirmamos que assim é que é; estamos a demonstrar exactamente isso que se pretende esconder.
As normas são importantes para que as crianças aprendam a se saber exprimir na sua língua e a serem compreendidas e, por outro lado, as normas são necessárias para os estrangeiros aprenderem a nossa língua e cada um se possa fazer entender nesta aldeia global sem perder a sua cultura e a sua maneira de estar no mundo e a língua materna é esse veiculo.
Para mim, em geral, há duas regras que são básicas e ajudam qualquer um a fazer-se entender:
Verbo conjugado + que + verbo conjugado
Ex: sei que sabes do que se trata.
Gostaria que soubesses mais sobre isto.
Verbo conjugado + preposição + infinitivo impessoal
Ex: ele acabou por chegar.
Ele tem de falar com os pais.
Felicidade
Infelicidade
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direitos e deveres para ambas as partes
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domínio de uma parte com
submissão da outra parte
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03 de Janeiro de 2003
De um programa televisivo de após 25 de Abril no ano de 1974 retirei a seguinte reflexão:
“Não dá bom resultado para ninguém impor demasiado a sua vontade aos outros membros da casa. A escravidão não é coisa dura apenas para o escravo, mas também para o senhor. A escravidão numa família é um mal para todos. Se qualquer um dos seus membros exigir obediência dos outros em todas as coisas, grandes ou pequenas, não tardará que ninguém tenha vontade própria excepto o senhor. Depois todos acabam por cair pesadamente em cima do mais forte, em busca de apoio ou em acusação.”
13 de Dezembro de 2002
Hoje o pensamento vem de mim e trata-se do português:
O presente ou a prenda ®
O presente tem a sua origem na apresentação de diplomatas ou de convidados na corte. Era regra na apresentação à corte, após ouvir o seu nome, este convidado dizer Presente e entregar o pacote ao chefe do protocolo.
Na minha opinião este presente é de obrigação e de ostentação e sem amor.
A palavra prenda acho que tem a sua origem no verbo prender. Então a prenda tinha e tem por objectivo prender pelo coração, pelo amizade, pela demonstração de afecto que aquele pacote tem intenção de transmitir ao seu receptor. Não tenho a menor dúvida, para mim o pacote é de toda a certeza e sempre prenda e não presente, pois quando não é prenda pura e simplesmente não existe. Não ofereço nada por obrigação, mas por gosto.
Nesta época natalícia causa-me impressão ouvir, até diplomados dizerem:
filhoses quando dizem uma filhó.
Que haja uma vez e várias vezes,
Uma voz e muitas vozes,
Uma rês e bastantes reses
Uma gravidez e duas gravidezes,
mas que haja sempre um nó e alguns nós,
um paletó e vários paletós,
uma avó e duas avós,
uma filhó e muitas filhós.
mailto:eu.maria.figueiras@gmail.com
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