terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O Futuro do Sucesso (IV)

2010 superou 2009, para mim e 2011 tem expectativas de superar 2010 o que me deixa muito feliz. Tenho praticamente publicado o meu primeiro livro – Século XV – Lagos Henriquina e pós-Henriquina que tenho divulgado em vários portais. Este livro tem preço de venda – 12€ e uma edição de 550 exemplares e é a chiadoeditora@gmail.com que devem contactar. Conto convosco para que esgote num instante. Modéstia aparte sei que é um trabalho excelente e com bastante nova informação que vai muito para além da história de Lagos, sendo Lagos apenas o átomo da vida nacional e internacional que perpassa anos quatrocentos até à revolução industrial que estabelece um novo patamar na história universal, no século XIX.
Partindo de LAGOS é um novo patamar que se escreve na história universal – os Descobrimentos e o início da era do comércio internacional – que vão modificar o mundo, mas foi em LAGOS que tudo começou!
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From Chiado Editora site:
“Dear International Colleagues, Welcome to our Foreign Rights page. Feel free to browse our online catalogues by categories of your interest. You can access additional information for each of our publications by clicking on its title.If you are interested in considering any of our books for translation, please do not hesitate to send us any translation query to the e-mail: foreignrights.chiado@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar . We look forward to working with you.Kind regards,
Your Foreign Right Team”
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= AS MINHAS LEITURAS =
in livro “O Futuro do Sucesso (viver e trabalhar na nova economia)” de Robert B. REICH; 1ª edição portuguesa; vol.22; colecção Actualidades; Lisboa; editora Terramar; original – 2000 e edição portuguesa – 2004; pp.362.
(...)
(pp.150-191) Em meados do século XX, cerca de metade das famílias norte-americanas pertencia à classe média (que recebiam entre 4000 e 7500 dólares de 1953). A maioria destas famílias da classe média era encabeçada não por licenciados ou executivos, mas por operários fabris especializados ou semi-especializados, empregados administrativos, vendedores e trabalhadores grossistas e do comércio a retalho que geriam os fluxos do produto através das grandes pirâmides da produção em larga escala. A maioria tinha regalias concedidas pela empresa no domínio da saúde e das pensões de reforma.
Ser bem-sucedido era ser respeitado na comunidade, ganhar a vida decentemente e subir na empresa, possuir uma casa nos arredores, ter uma família estável e ser estimado e admirado por muitos. Estas aspirações não eram irrealistas para uma grande e cada vez maior percentagem de norte-americanos.
Na viragem do século XXI, menos de um em cada dez trabalhadores do sector privado pertence a um sindicato; o «homem da organização» de colarinho branco é uma espécie em vias de extinção. As opções cada vez mais amplas e as mudanças cada vez mais fáceis dos compradores impedem na prática que qualquer organização garanta um fluxo consistente de rendimento a alguém que trabalhe no seu seio. Para se manterem competitivas neste ambiente volátil, as organizações são obrigadas a transformar todos os custos fixos em custos variáveis que subam e desçam de acordo com as opções que os compradores fazem.
Hoje em dia, quase toda a gente vive daquilo que ganha que varia com os contratos, os bónus, a participação nos lucros, as horas facturáveis, as opções de compra de acções e outros indicadores de desempenho ou as vendas de um determinado período em relação ao seguinte. A quantidade de empregados que não sabem ao certo quanto irão ganhar de ano para ano é muito superior à estimativa mais generosa. Além disso, nas empresas, é cada vez maior o número de trabalhadores que passam de um projecto para outro ou que contactam com outros clientes. Se não existir projecto para eles trabalharem ou se nenhum dos projectos precisar dos seus serviços, continuando a fazer parte dos empregados a tempo inteiro, na prática, eles quase nem constam na folha de salários.
As instituições de beneficência e fundações que no passado renovavam sistematicamente as suas contribuições, actualmente são quase tão volúveis como os consumidores e os investidores. As universidades dependem de donativos e de investigação subsidiada pelo exterior e como cada vez mais estes são menos previsíveis elas recorrem cada vez mais a trabalhadores contratados, cujas funções e remunerações são igualmente variáveis. Pouco mais de metade dos professores universitários é itinerante.
As empresas já não reduzem os salários das pessoas que nelas trabalham. Pelo contrário, competem furiosamente para atrair e conservar os colaboradores altamente rendíveis, recompensando-os com elevados salários, prémios, opções de compra de acções, bónus de fim de ano, inscrições em spas e cabinas de sauna nas instalações da empresa ao mesmo tempo que reduzem os salários e as regalias dos trabalhadores de rotina. Os professores de Finanças ganham mais do que os professores de Inglês na mesma faculdade.
Os trabalhadores apelam ao que valem no mercado. A procura de inovadores de talento excede a oferta. Ao mesmo tempo, o trabalho produtivo de rotina pode ser executado com menores custos por máquinas digitais ou por trabalhadores de todo o mundo. É certo que alguns trabalhadores de rotina podem aprender o que é necessário para serem visionários ou psicólogos, mas as crescentes diferenças salariais permitem concluir que aqueles que o fazem, não chegam para satisfazer a procura nem para exceder a oferta das substituições.
A realidade pura e dura da desigualdade crescente: devido ao controlo dos altos e baixos do ciclo económico, todo o leque de salários e regalias se alargou; os trabalhadores de topo ganham hoje muito mais do que ganhavam os seus homólogos, o mesmo acontece com os trabalhadores com rendimentos mais baixos e os trabalhadores dos níveis intermédios estão mais afastados do que estavam. A empregada da lavandaria da minha rua ganhou 13 500 dólares em 1999, segundo o que ela me disse. Apesar de a economia norte-americana estar em franca expansão, o facto brutal é que a lavandaria em que ela trabalhava conseguia arranjar facilmente quem a substituísse, se ela exigisse mais um cêntimo. E a verdade é que eu não queria pagar mais do que o necessário pelo tratamento da minha roupa.
Na era do emprego, parecia adequado que os empregadores fossem os principais incentivadores do seguro de saúde e das pensões privadas e contribuíssem para a Segurança Social. Os empregadores tinham um interesse legítimo na protecção da saúde dos seus empregados e estes influenciavam a produtividade uns dos outros. Na era pós-emprego, as pessoas saltam de projecto para projecto e de posto de trabalho para posto de trabalho e assim parece razoável que os indivíduos assumam uma maior responsabilidade pelos seus próprios cuidados de saúde e pelo que poupam para a reforma. O seguro social está a desaparecer e também a relação entre vizinhos. Há muita gente que mal conhece os vizinhos.
Na velha economia industrial, os lucros provinham de economias de escala. Actualmente, os lucros provêm da rapidez com que se inova, atrai e conserva os clientes. Os vencedores são grupos pequenos e muito flexíveis que têm grandes ideias e marcas fiáveis que comercializam com eficiência.
Quase todos nós passamos o dia a trabalhar para ganhar a vida. Também existimos em redes de relações pessoais que incluem famílias, amigos e comunidades. Com a mudança para uma economia mais dinâmica e inovadora, mudou também o modo como o trabalho está organizado e é recompensado e estas mudanças estão a alterar a nossa vida pessoal. As pessoas com ambição e talento têm grandes oportunidades. Podem fazer muito mais dinheiro em relação ao salário médio do que as pessoas com ambição e talento da era industrial. Contudo, as disparidades de rendimentos e de riqueza aumentaram consideravelmente. Nunca os Estados Unidos sofreram ou toleraram este nível de desigualdade.
Dados do Bureau of Labor Statistics revelam que a proporção dos profissionais liberais e gestores que trabalham mais de cinquenta horas semanais subiu mais de um terço desde 1985.1 Trabalham mais arduamente do que a maioria das pessoas com outras profissões. Cerca de 40% dos licenciados e 20% das licenciadas trabalham mais de cinquenta horas por semana – o quádruplo da percentagem de pessoas com o nono ano de escolaridade.
A competição está a aumentar em todos os pontos ao longo da cadeia da oferta o que significa que todas as pessoas que se encontram nesses pontos são obrigadas a trabalhar mais para manter os seus clientes. Todos os nós do sistema, todas as empresas, todos os grupos estão sujeitos a uma forte pressão para manter os seus clientes, oferecendo melhores condições do que os seus rivais para conseguirem mais um contrato. Uma empresa que se candidate a um projecto, promete fazer alguma coisa que exigirá dela um maior esforço se quiser ganhar o contrato. A sua reputação depende de cumprir o que prometeu e a única maneira de conservar os seus clientes é manter-se à frente dos seus rivais, continuando a aumentar as suas capacidades. Tem de inventar permanentemente novas formas de fazer melhor, mais depressa e mais barato.
O que significa isto para as pessoas que estão envolvidas no projecto? Têm de trabalhar mais. Já lhes foi difícil cumprir os prazos do projecto anterior; o novo projecto é um repto ainda maior. Elas têm de descobrir maneiras de reduzir os custos e de aperfeiçoar ainda mais o desempenho, o que já era duro. Isto exige mais horas de improviso, de experimentação, de esforço até ao limite. Serões e madrugadas e, à medida que se aproxima a data da entrega, dias mais longos. Quando elas conseguirem um momento livre para a família ou para os amigos, talvez continuem a pensar no projecto. Talvez sonhem com ele.
O problema é que muitas vezes só há uma alternativa: perder ou ganhar. A economia emergente não oferece muitas gradações intermédias. Os trabalhadores assalariados e à hora continuam a existir, evidentemente, mas cada vez a sua remuneração depende mais do empenho e da eficiência com que trabalham. Para os profissionais liberais, gestores, visionários e psicólogos de toda a espécie, ser cada vez mais rápido é hoje uma necessidade. Os mercados e as tecnologias mudam hoje tão depressa que temos de estar totalmente envolvidos para mantermos o ritmo.
A nova economia obriga as pessoas a trabalharem mais também devido às disparidades de rendimento e de riqueza que aumentaram nas últimas décadas. As ambições de carreira das mulheres aumentaram em série. Em 1968, cerca de 40% das mulheres que ingressavam na universidade, afirmavam que queriam ser professoras. Seis anos depois, quando outras profissões mais bem pagas começaram a abrir as portas às mulheres, só 10% das que entravam na universidade é que queriam ensinar e esta percentagem não se alterou até agora. Regista-se o mesmo padrão nos pais solteiros. Aqueles cuja educação oficial não foi além do ensino secundário, trabalham 16% mais do que trabalhavam há trinta anos; quanto aos licenciados trabalham 20% mais.2 À medida que a escala de rendimentos aumenta, as pessoas que se encontram nos níveis superiores conseguem ganhar muito mais do que nunca. Assim, se optarem por trabalhar menos, essa opção implica um maior sacrifício financeiro.
Há cerca de um ano, um dos meus filhos participava numa grande maratona. Eu estava decidido a não faltar. Afinal, deixara o meu trabalho no governo em Washington para passar mais tempo com os meus filhos. Foi então que recebi um telefonema de alguém a perguntar se eu poderia colaborar num projecto noutra cidade. O momento não podia ser pior. O projecto começava na mesma manhã da corrida e não podia esperar. Se eu não comparecesse logo no início, poderia ficar de fora. A quantia que me ofereciam era generosa. As propostas deste género são raras. Até ao telefonema eu estava ansioso pelo começo da corrida; depois, fiquei num dilema. Não era possível ir à corrida e colaborar no projecto. Acabei por recusar o projecto e ir assistir à corrida; estou satisfeito e não tenho remorsos. Nesse sábado, pensei várias vezes no que me custava ir assistir à corrida do meu filho. Antes da proposta, o custo era zero; agora parecia uma quantia considerável.
Desde a década de 60 que todos os anos se pede a um grupo de recém-licenciados escolhidos aleatoriamente que seleccione os seus objectivos pessoais mais importantes entre várias alternativas, nomeadamente «ter uma boa situação financeira» e «criar uma filosofia de vida que tenha sentido». Em 1968, só 41% dos elementos da lista consideravam que era importante «ter uma boa situação financeira». Com o tempo, esse objectivo tornou-se mais importante. Em 1998, 74% dos recém-licenciados atribuíam-lhe uma grande importância. Por outro lado, «criar uma filosofia de vida que tenha sentido» deslocou-se em sentido oposto. Em 1968, 75% escolheram este objectivo que, no entanto, continuou a descer sistematicamente e, em 1998, foi escolhido por menos de 41% dos inquiridos.3
Outros estudos revelam números-recorde de estudantes que se ofereceram para prestar trabalho voluntário nas suas comunidades. O que mudou foram as suas apostas económicas no futuro. A escala de rendimentos é hoje muito mais alta e cada degrau mais acima está associado a ganhos muito maiores do que anteriormente. Quando os recém-licenciados pensavam nas suas prioridades, há trinta anos, os 10% de trabalhadores do sexo masculino mais bem pagos ganhavam apenas 70% mais do que os que se situavam no meio da escala salarial. Actualmente, um recém-licenciado que olhasse para o futuro constataria que os homens incluídos nos 10% mais bem pagos, ganham mais do dobro do que os que figuram nos patamares intermédios. A distância entre o 1% dos mais bem pagos e os patamares intermédios aumentou cinco vezes.❐ (continua)
mailto:eu.maria.figueiras@gmail.com
1Phillip L. Jones, Jennifer M. Gardner e Randy Ilg, «Trends in Hours of Work since the Mid 1970s», Monthly Labor Review, vol. 56, nº4 (1998), p.442.
2Families and the Labor Market, 1969-1999: Analyzing the «Time Crunch», Relatório do Council of Economic Advisers do presidente dos EUA, Washington D. C., Maio de 1999.
3Linda J. Sax et al., The American Freshman: National Year Trends, 1966-1995 e The American Freshman: National Norms para cada ano subsequente (Los Angeles, Cooperative Institutional Research Program Survey of American Freshmen, Higher Education Research Institute, University of California at Los Angeles.)

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